Estudos e pesquisas começam a mostrar que a oferta de planos de previdência complementar pelas empresas deverá tornar-se um benefício crescentemente importante, do ponto de vista do esforço das organizações no sentido de reter talentos. A observação consta de artigo de Lucas Rodrigo Santos de Almeida, colunista do Portal Administradores, autor de várias obras e avaliador científico da REGEPE - Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (2016).
A constatação coincide com o esforço de nossa parte no sentido de estarmos mais presentes a eventos que reúnam profissionais de recursos humanos, como congressos e feiras.
Segundo Almeida, essa percepção quanto ao lugar que a previdência complementar estará cada vez mais ocupando entre os benefícios tem relação, entre outros fatores, com a nova consciência de que a crise na Previdência Social obriga a todos a serem muito mais proativos na construção de sua aposentadoria. Não é mais possível acreditar que o Estado irá sozinho assegurar uma renda adequada no futuro.
Para o autor do artigo, os colaboradores com idade de até 35 anos serão os próximos a apontar essa emergência da previdência complementar entre os benefícios oferecidos pelas empresas. A afirmação chama particularmente a atenção, uma vez que essa vinha sendo a faixa etária majoritariamente resistente a pensar ainda na juventudo em como será a aposentadoria.
“O gestor moderno entende que para atrair e reter talentos, necessita ter um pacote de benefícios para atrair candidatos atuais e potenciais para a sua organização. É fato que uma grande empresa que não ofereça previdência complementar apresente dificuldades de competir no mercado. Por outro lado, as organizações que adotam um plano de previdência buscam a retenção dos talentos, e citam que este benefício é uma ferramenta estratégica de retenção, e eventualmente, de atração. Mesmo assim, muitos colaboradores desconhecem esse benefício proporcionado pela corporação. Diante disso, a organização poderá aconselhar os seus próprios colaboradores com ações de educação financeira, promover palestras e dialogar a respeito de várias ideias para o crescimento do negócio”.
Baixa poupança - Fora do artigo, só fazem crescer as evidências de que é preciso incluir o tema na agenda de debates da sociedade brasileira.
E os fundos de pensão, claro, ocupam um lugar central nesse debate que se vai travar com cada vez mais intensidade. Em primeiro lugar, por suprirem a falta de poupança e, em segundo, porque no período de acumulação de reservas permitem irrigar a economia com importantes investimentos, lembra o Presidente da Abrapp, Luis Ricardo Marcondes Martins.
“Os fundos de pensão exercem dois papéis fundamentais. Primeiro, o de contribuir para um futuro tranquilo dos seus participantes, assegurando-lhes qualidade de vida na velhice – este é seu foco social. Segundo, o de gerar poupança interna, fomentando a economia nacional, pois, como se sabe, quanto maior o nível de poupança, maiores as perspectivas econômicas do país”, resume Luis Ricardo.
Ele cita também um estudo do Banco Mundial, divulgado dias atrás e que mostra que “infelizmente, o Brasil é um dos países que menos poupam no mundo e que menos o faz na América Latina: apenas 4% da nossa população pratica alguma forma de poupança”.
O estudo do Banco Mundial diz mais: considerando os 143 países pesquisados, só 11 têm um percentual pior que o do Brasil. O nosso País perde do Congo, Maláui e Togo.
Na Tailândia, que tem um PIB per capita semelhante ao do Brasil (US$ 15,4 mil), 60% da população poupa para a aposentadoria. Isto é, os tailandeses poupam perto de 15 vezes mais que os brasileiros.
Completa esse quadro um outro estudo, este da Zurich Global em parceria com a Universidade de Oxford e divulgado no final do ano passado, mostrando que ao redor de 40% dos brasileiros não se preocupam em se preparar para a eventualidade de ficar sem renda não apenas na aposentadoria, mas mesmo antes disso, na eventualidade da ocorrência de doença incapacitante ou invalidez.
Diante de tais número e por tudo mais que se sabe, Luis Ricardo acrescenta: “essa realidade precisa ser revertida e, neste momento, quando se discute em âmbito legislativo uma reforma da Previdência, mais do que nunca os fundos de pensão devem se apresentar como alternativa econômica para o País voltar a crescer”.
Luis Ricardo arremata: “É preciso criar mecanismos que levem os brasileiros a poupar, a procurar meios de acúmulo de capital com vistas ao bem-estar na velhice, como lhes proporcionam os fundos de pensão. Nesse sentido, é fundamental a adoção de incentivos tributários para que os brasileiros poupem mais, numa ação que deve estar associada à educação previdenciária. Quanto antes esse processo começar, melhor para o Brasil e os brasileiros”. ( Jorge Wahl )