O Relatório de Estabilidade da Previdência Complementar, publicado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), mostra uma melhora significativa do sistema de previdência complementar fechado no final de 2017. De acordo com o relatório, um dos principais sinais de melhora foi a redução do déficit das entidades, que caiu de R$ 52 bilhões em 2016 para R$ 16 bilhões no final do ano passado. A Previc atribui essa redução à recuperação gradual da atividade econômica e aos equacionamentos de déficit em curso, no valor aproximado de R$ 39 bilhões, principalmente realizados pelas Entidades Sistemicamente Importantes (ESI).
Em 2017, o sistema de previdência complementar fechada também teve crescimento no número de planos e volume de recursos geridos, com 306 entidades, R$ 842 bilhões de patrimônio distribuídos em 1.108 planos, sendo 323 da modalidade de benefício definido (BD); 357 de contribuição variável (CV) e 428 de contribuição definida (CD). No período, foram criados seis novos planos CD, aponta a Previc.
Investimentos - Nos planos CD e CV, os principais investimentos realizados em 2017 foram em títulos privados, com participação de 15% e 11% do total da carteira, enquanto as aplicações em ações representam 7% e 10%, respectivamente, dos investimentos desses planos. Nos planos BD, A Previc destaca a elevada concentração em renda variável do maior plano do Brasil, o Plano 1, da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que aloca 48% dos investimentos nesse segmento. Já os investimentos dos demais planos BD em renda variável chegam a 7%.
Entre 2015 e 2017, a participação dos fundos de pensão em imóveis reduziu de 4,6% para 4% do total de ativos. Os fundos de investimentos em participações (FIP) também tiveram queda nos investimentos, de 2,8% para 1,52%, entre 2014 e 2017. A Previc destaca no relatório a baixa representatividade dos investimentos no exterior na carteira das fundações, totalizando R$ 2,5 bilhões no fim de 2017, o que correspondente a 0,3% do total de ativos do sistema.
Futuro - As perspectivas de investimentos para 2018 são de um ambiente internacional favorável, com liquidez elevada e apetite para a realização de investimentos. No cenário doméstico, a Previc aponta para sinais de recuperação gradual da atividade econômica, mas com dúvidas quanto à robustez de um crescimento sustentável no médio e longo prazo. “Os resultados das eleições, a dívida pública crescente, as reformas estruturais não realizadas, a falta de investimentos e de financiamentos de longo prazo podem significar obstáculos ao crescimento na intensidade desejada”, destaca.
Os planos BD devem manter investimentos em ativos com liquidez imediata em 2018 devido à maturidade desses planos e à necessidade de liquidez para pagamentos de benefícios em volumes significativos. No geral, a composição das carteiras dos fundos de pensão não deve sofrer alterações bruscas, mantendo-se o patamar de investimentos em títulos de renda fixa, enquanto em renda variável, deve haver um crescimento maior em 2018 e 2019.
A Previc aponta para pouca probabilidade de novas alocações de recursos em FIPs, enquanto os fundos de investimentos multimercados tendem a ser os preferidos das fundações no momento, pela flexibilidade e possibilidade de customização da carteira. Os investimentos no exterior, por sua vez, são uma opção para diversificação diante da expectativa de maior volatilidade interna. Há ainda perspectiva de desinvestimentos em imóveis e também a estruturação de fundos de investimentos imobiliários para propiciar maior liquidez.(Investidor Institucional)